Imagem/FENTECT

Trabalhadores e parlamentares pedem abertura do diálogo para buscar soluções para a empresa. De acordo com a direção da ECT, prazo poderá ser prorrogado

Vinte dias, passível de prorrogação. Esse foi o prazo estabelecido, hoje, em reunião com o novo presidente dos Correios, Guilherme Campos Júnior, para a suspensão da reestruturação da ECT. Após a ausência na audiência pública dessa terça-feira (14), na Câmara dos Deputados, o gestor compareceu à casa para um encontro com os parlamentares e os representantes dos trabalhadores, entre eles, o secretário-geral da FENTECT, José Rivaldo.

Durante a reunião, foram retomadas as dúvidas e os posicionamentos da audiência, para ciência do presidente. “Não tivemos a oportunidade da presença da direção dos Correios, por isso, a audiência ficou incompleta e inconclusa”, ressaltou a parlamentar Janete Capiberibe (PSB-AP).

O secretário-geral da federação agradeceu a oportunidade, mas foi enfático ao questionar Guilherme Campos sobre o futuro dos trabalhadores. “Temos perguntas ao presidente: se o capital da empresa realmente será aberto, se a gestão dará continuidade ao processo que vem sendo implantado ou se vai dar espaço para debate com os trabalhadores”, disse. Ele relembrou que todos os presidentes empossados na ECT deram sequência à reestruturação dos Correios e à centralização do poder em Brasília.

“O estudo da ECT já previa o fechamento de mais de 2 mil agências, bem como fusões e a transformação em novos modelos. Com isso, alguns trabalhadores são transferidos de 60 a 100 quilômetros de suas residências. Foram criadas várias macrorregiões e alguns locais não recebem o movimento sindical. A empresa não nos recebeu e ficamos sem a prova se a reestruturação será, de fato, boa para nós”, denunciou. De acordo com Rivaldo, há, ainda, a questão do banco postal, que melhorou a vida e o comércio de diversas regiões do país que não tinham contato com bancos e, no caso dos fechamentos, acarretará prejuízos à população. Contudo, em relação às agências que exercem funções bancárias, atentou à precariedade na segurança dos clientes e dos próprios funcionários. Também por isso, o secretário-geral pediu urgência da ECT na resolução dos problemas da categoria.

O futuro dos Correios

Diante dos esclarecimentos, o presidente da ECT declarou que a imagem da empresa está precisando ser renovada, mas que depende dos ecetistas a mudança. “A decisão está com os senhores funcionários dos Correios, é preciso resgatar a autoestima. Não venho para vender fórmulas mágicas. Quanto à privatização quem vai responder é o presidente Michel Temer”, anunciou.

Para o deputado Raimundo Angelim (PT-AC), não há um brasileiro que não tenha admiração pelos Correios. “É patrimônio nacional. Preocupa-nos as notícias sobre a empresa. Essa tendência ao enxugamento não pode ser concretizada em detrimento das cidades menores e, principalmente, dos trabalhadores”, declarou.

Ao final do prazo de suspensão da reestruturação da ECT, foi solicitado que o presidente dos Correios promova abertura ao debate com os funcionários, para, então, serem lançadas as soluções. “Antes do término dos 20 dias, será dada ciência a todos. Meu bom senso, no entanto, diz que não será resolvido nada e esses dias deverão ser prorrogados. Caso não haja um conjunto de ações que passem pelos poderes e os órgãos controladores, além da relação com a sociedade e com os trabalhadores, com tudo equilibrado, não haverá solução”, finalizou Guilherme Campos.

O secretário-geral da FENTECT, ponderou que a categoria não é contra a promoção da cultura e do esporte, no entanto, é possível observar apenas a lógica do lucro nas atividades da ECT – em alusão aos gastos incoerentes dos Correios com patrocínios no Brasil. “Os trabalhadores têm preocupações quanto ao futuro. Será que poderemos dar encaminhamento aos nossos objetivos e manter o caráter social dos Correios?”, indagou.

Fonte: FENTECT