No dia (6.04), foi realizada audiência pública na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, que atende ao Requerimento nº 112/2017, de autoria do deputado federal do Estado do Acre, Raimundo Angelim, e outros, aprovado em 29 de março deste ano. A Bahia foi representada pela a vice presidente do Sincotelba, Shirlene Pereira.
O secretário-geral da FENTECT, José Rivaldo da Silva, foi convidado a participar como expositor. Também estavam na mesa o presidente dos Correios, Guilherme Campos, e demais representantes da categoria. “O momento é oportuno, já que o presidente da ECT prefere ir à mídia macular o nome dos Correios e abrir espaço para a concorrência, causando insegurança nos clientes”, destacou Rivaldo.
Guilherme Campos acusou, novamente, a queda do monopólio postal e o plano de saúde dos trabalhadores como responsáveis pela crise na empresa. Segundo o presidente da ECT, o plano de saúde da categoria representou mais de R$ 1 bilhão de prejuízo. Informação rebatida pelo secretário-geral da federação, que informou que o benefício corresponde a cerca de 9% da receita dos Correios.
Sabe-se, também, que o monopólio ainda equivale a 50% dos serviços dos Correios. A tecnologia não substituiu por completo as atividades na empresa, que agregam, ainda, o Banco Postal e os serviço de Sedex, por exemplo.
Gastos exorbitantes
Além da falta de linearidade na administração da ECT, a empresa apresenta gastos cada vez mais incoerentes, como o repasse de quase de R$ 4 bilhões à União, como antecipação de dividendos; R$ 330 milhões investidos nas Olimpíadas; R$ 8 milhões com indicações de fora dos Correios; substituição de oito mil funcionários técnicos por apadrinhados; mudança da marca dos Correios por R$ 43 milhões, fora os gastos com indenizações – em 2014, R$ 82 milhões, em 2015, R$ 150 milhões e mais de R$ 200 milhões já em 2016.
Como melhorar
Apesar de contraporem ao prejuízo alegado, os representantes dos trabalhadores apresentaram medidas que podem ajudar os Correios, como a capitalização da empresa, com fluxo de caixa, aporte e suplementação orçamentária. “Nada mais justo devolver o que foi levado a mais pelo governo”, justificou o presidente da Associação de Analistas dos Correios, Jailson Mário Pereira.
Outra opção ágil para resolver os problemas seria a fidelização do governo para que a logística dos órgãos públicos seja realizada pelos Correios, atualmente, sob a responsabilidade de empresas privadas do segmento.
Além disso, a representação dos ecetistas ressaltou que é necessário honrar os empregados com os direitos trabalhistas adquiridos. Ainda garantiram que, caso os ecetistas continuem perdendo, haverá luta até a última esfera.
“Nós somos a matéria-prima e fazemos a empresa ao longo desses 354 anos. Vamos fazer aquilo que sabemos e continuar prestando bons serviços à população. No entanto, caso prevaleçam as propostas da empresa, vamos parar por tempo indeterminado, a partir do dia 26 de abril, até que a ECT cumpra seu papel e nos chame a uma negociação efetiva”, garantiu o secretário-geral da FENTECT.
Frente Parlamentar
O deputado Zé Geraldo (PT-AP), membro da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, destacou que essa foi organizada com o objetivo de fortalecer a empresa para que continue sendo considerada organização de crédito. “Se há alguém que precisa ser ouvido e tratado com respeito, é o trabalhador. Mentiram para o brasileiro alegando que o Brasil precisava fortalecer a economia e gerar mais emprego, mas, desde que Michel Temer assumiu a presidência, tem gerado apenas desemprego”, relembrou.
Parlamentar do Estado do Rio Grande do Sul, Maria do Rosário (PT), salientou números de eficiência da empresa nos últimos anos. “Resultados negativos não podem apagar resultados positivo de tantos anos. O índice de qualidade de entregas chegou a 90.9 em 2015, em 2016 subiu para 93.5. Ou seja, a cada 100 objetos postados, 93 são entregues no prazo. Os demais são entregues mesmo fora do prazo”, disse.
O presidente dos Correios se recusou a debater gestões passadas. Ele ainda falou em “ano decisivo para a empresa” e que há muitos de olho nos Correios, devido à atividade concorrencial. “Temos que fazer uma transição do mundo do monopólio para o mundo da concorrência”, complementou Guilherme Campos.
Representantes da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) informaram que será feito, em breve, convite ao ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, e ao presidente dos Correios para prestação de contas dos dados reais da empresa e toda a situação envolvendo os empregados da ECT.